quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Eugenia: O Uso Perverso da Biologia

              Conceitos de Eugenia:
Ciência que se ocupa da procriação de filhos normais;
Estudo dos  meios para melhoria da raça.

Ciência que se ocupa com o estudo e cultivo de condições
que tendem a melhorar as qualidades físicas e morais de 
gerações futuras, especialmente pelo controle social dos 
matrimônios. (Dic. Michaelis)

Pode se dizer que os princípios da  eugenia (racismo científico)
 teve como base a Teoria da Seleção Natural, proposta por
Charles Darwin (1809-1882) em seu livro A Origem das Espécies.
Darwin revolucionou todo o pensamento acerca da evolução da
vida e todos os seus esforços foram direcionados a um melhor 
entendimento da adaptação dos seres vivos ao meio ambiente e
de sua evolução, ele percebeu que poderia existir semelhança
entre o mecanismo da evolução com a seleção artificial de animais
e plantas feita pelo homem, ou seja, da mesma maneira  que criadores
selecionam reprodutores de uma determinada raça, permitindo que se
reproduzam apenas os que têm as características desejadas, a natureza
seleciona, nas espécies selvagens, os indivíduos mais adaptados às
condições de sobrevivência . Estes deixam um número proporcionalmente
maior de descendentes - Teoria da Seleção Natural.
O primo de Darwin - Francis Galton(1822-1911) inspirado na  Teoria da
Seleção Natural iniciou uma cruzada de aperfeiçoamento da espécie 
humana denominada -  Eugenia.

Galton pregava o que veio a ser conhecido como  eugenia positiva -
incentivando pessoas com "genes superiores" a ter filhos, seguindo a 
idéia de Galton alguns países como os Estados Unidos e a Alemanha
Nazista optou pela eugenia negativa - que impedia através de leis que
pessoas consideradas "criminosos, idiotas, estupradores , imbecis e 
com defeitos hereditários" pudessem ter filhos. Mais tarde estendendo-se 
a todo judeu e proibindo o casamento entre alemães e judeus. Quando as
leis já não eram mais "eficientes"  foi introduzido o extermínio nas  câmaras 
de gás e nos campos de concentração, a qual culminou no Holocausto
(palavra   utilizada desde a década de 1980 para designar o extermínio em
massa de cerca de seis milhões de judeus pelos nazistas ).


Refletindo sobre o passado, nos questionamos, como o ser humano pôde
usar uma teoria científica que foi baseada apenas em animais irracionais,
para destruir seres de sua própria espécie?  
                        A OUTRA FACE DA TEORIA DE DARWIN









                                A EUGENIA NO BRASIL

Em 1920, Renato Kehl - médico e divulgador da eugenia no Brasil, muda-se para o Rio de Janeiro e ao lado de outros médicos psiquiatras participa da fundação da Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM), instituição cujo intuito era combater os “fatores comprometedores da higiene da raça e a vitalidade da Nação”. Miguel Couto, presidente da Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, Carlos Chagas, diretor do Instituto Oswaldo Cruz, e Edgar Roquette-Pinto, diretor do Museu Nacional, estavam entre os mais de 120 associados da LBHM.
No início da década de 30, boa parte da LBHM passou a defender abertamente a radicalização das ações “antidegenerativas” como a esterilização, mas alguns membros da associação reagiram à proposta. Edgar Roquette-Pinto se colocou contra a segregação e a favor da miscigenação. Adepto da eugenia positiva, profilática e não radical, para ele a solução para o problema nacional era a higiene e não a raça. Insatisfeito com as divergências na LBHM, Renato Kehl organizou então a Comissão Central Brasileira de Eugenia (CCBE) sob inspiração da Comissão da Sociedade Alemã de Higiene Racial, com a qual se correspondia. Por meio da CCBE, Kehl se aproximou de Oliveira Vianna, então consultor jurídico do governo provisório de Getúlio Vargas, e integrou um grupo designado pelo recém-fundado Ministério do Trabalho para pensar os problemas da imigração no Brasil a partir de 1932.
Os resultados dos trabalhos da Comissão de Imigração liderada por Oliveira Vianna contribuíram para a formulação da Lei de Restrição à Imigração. Mais política do que racial, a medida barrou a entrada no Brasil de asiáticos e judeus denominados pelos eugenistas como não-assimiláveis. Essa postura negativa estava então alinhada com a ideologia nazi-fascista e com as políticas imigratórias dos Estados Unidos. Legalizada em 1934, foi retirada da Constituição após o golpe do Estado Novo, em 1937, embora o comprometimento com a eugenia ainda fosse uma política de Estado, que só recuaria após a adesão do Brasil ao bloco dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1942.
Seja no Brasil de Vargas ou na Alemanha de Hitler, o fato é que durante as primeiras décadas do século XX a eugenia exerceu forte influência sobre governos e intelectuais dos quatro cantos do mundo. A prática assumiu uma multiplicidade de facetas que particulariza cada análise de acordo com a época e o país. Há algo, porém, comum aos diversos eugenistas: todos tinham em vista a substituição das leis de proteção social por outras que favorecessem a reprodução de bons elementos na sociedade, utilizando o rótulo de ciência para um projeto essencialmente político e ideológico.
                Monteiro Lobato e a Eugenia
O entusiasmo com a doutrina eugenica aparece em seu romance  O Choque das 
Raças e também em carta destinada a seu amigo, o médico Renato Kehl.
“Renato, tu és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. (...) Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade precisa de uma coisa só: póda. É como a vinha. Lobato.”
"Perdemos o anjinho por culpa sua só. Burrona! Negra beiçuda! Deus que te marcou, 
alguma coisa em ti achou. Quando ele preteja uma criatura é por castigo. (...)"
Fala da personagem Emília no livro Memórias de Emília de 1972.

Imagem: www.glimboo.com

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