“Um homem emocionalmente asfixiado, insensível e paranoico chega
em uma creche com um galão de
combustível nas mãos e um isqueiro. É a aproximação do inferno emocional em sua
forma mais inumana. E quem se interpõe doando a própria vida para salvar as
crianças? Uma professora, uma heroína anônima! Uma educadora que experimentou
dores inenarráveis para salvar a vida de muitos pequeninos. Mas ela já fazia
isso todos os dias antes da tragédia, dava sua vida pelos meninos, filhos dos
outros, quando os ensinava a pensar! Para ela, a decisão de lutar com o
assassino não foi difícil: a decisão já tinha sido tomada muitos anos antes,
quando ela escolheu dar o melhor de si para formar seres humanos melhores, para
dar esperança às crianças deste país que valorizam tão pouco seus mestres e
seus alunos! Deveríamos aplaudir menos as celebridades e líderes e ovacionar
muito mais os professores e professoras que pensam bem mais nos seus alunos do
que no salário e nas condições estressantes de seu trabalho. Uma tarefa
dificílima e de alto risco! Pois como debato no livro “O Homem Mais Feliz da
História” a era digital transformou-se na era da ansiedade e ser mestre é ser
um cozinheiro do conhecimento que prepara o alimento para uma plateia que tem
pouquíssimo apetite! Muitos professores adoecem para que seus alunos tenham
saúde emocional, adiam seus sonhos para que eles possam sonhar! Quem merece os
prêmios Nobel, Oscar e Grammy? São os educadores! Muitos amam o que fazem até
as últimas consequências! Mas passam imperceptíveis nessa sociedade onde um
celular chama muito mais a atenção do que um mestre formado em décadas! Um
computador jamais sentirá medos, solidão, angústias, dúvidas, por isso os
educadores são insubstituíveis, somente eles poderão ensinar a viver!
Quanto
tempo mais esses heróis e heroínas anônimos serão desprezados nesta falsa
sociedade moderna? Quanto tempo mais esses governantes inescrupulosos vão se
contentar em fazer discursos vazios no Dia do Professor? Até quando também pais
insensíveis, em defesa de seus filhos sem limites, agitados e pouquíssimo empáticos desprezarão o trabalho e a
autoridade dos professores? Quando esta nação vai acordar para a importância e
para o sofrimento diário desses profissionais? É vital equipá-los socio emocionalmente,
é fundamental ter uma educação menos conteudista, racionalista, que somente
prepara os alunos para as provas, mas não para serem atores sociais, gestores
de sua emoção, empreendedores e líderes de si mesmos! Pobre país que pensa que
seu futuro está em máquinas e no capital e despreza seus alunos e seus mestres!
Pobre país que não enxerga o assassinato coletivo da infância das crianças:
elas têm tempo para tudo, menos para brincar, se reinventar e ter prazer de
aprender! Não é sem razão que está havendo uma epidemia de transtornos ansiosos
e suicídios! Pobre país em que uma professora precisa ser queimada viva para
ser lembrada que era uma estrela no teatro social!
Pobre
nação que não entende que quanto pior a qualidade da educação, mais importante
será o papel da psiquiatria e da justiça! Ah, se acordássemos!!! Se
investíssemos mais na educação e nos educadores veríamos fascinados que muitos de nossos presídios se tornariam
museus e muitos hospitais psiquiátricos se converteriam em conservatórios
musicais!
O
Mundo está em chamas, e o Brasil está doente! ”
Augusto
Cury
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