O mês de setembro foi escolhido pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio para alertar sobre a importância de ações de prevenção. O objetivo da organização é dar destaque ao assunto, encarado por muitos como um tabu, e conscientizar a população.
Dados alarmantes – De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas se suicidam por ano em todo o mundo. No Brasil são quase 12 mil casos por ano. Para a ABP e o CFM, falta uma política de atenção, com infraestrutura e recursos humanos suficientes, para ajudar quem sobre com stress, depressão e esquizofrenia, transtornos que podem levar ao desejo suicida.
O Brasil é o quarto país latino-americano com o maior crescimento no número de suicídios entre 2000 e 2012, segundo relatório divulgado na última semana pela OMS. Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes – alta de 17,8% entre mulheres e 8,2% entre os homens. Chama a atenção o fato de o número de mulheres que tiraram a própria vida ter crescido mais (17, 80%) do que o número de homens (8,20%) no período de 12 anos. A mortalidade de pessoas com idade entre 70 anos ou mais é maior, de acordo com a pesquisa.
O Coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde (MS), Roberto Tykanori, conta que a rede de atenção é fundamental para prevenção das tentativas de suicídio “Os dados gerais de epidemiologia do suicídio mostram que mais da metade das pessoas que cometem o ato tem um histórico anterior de transtorno mental. O fato de termos redes de serviço que acolhem e atendem pessoas com estes distúrbios, por si, já tem um efeito preventivo. Outro ponto importante, é que ter esta rede permite o acesso de pessoas que nunca tiveram este tipo de problema, mas podem vir a procurar em momentos de dificuldade”, explica. Quem precisa de atendimento para transtornos mentais no Sistema Único de Saúde (SUS) pode contar com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Atualmente, o país possui 2.241 unidades em funcionamento. Nesses estabelecimentos, o paciente recebe atendimento próximo da família, assistência médica especializada e todo o cuidado terapêutico conforme o seu quadro de saúde. Quando recomendado pelo médico, o SUS disponibiliza gratuitamente medicamentos que podem auxiliar no tratamento dos pacientes. Entre os fatores de risco associados com o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões como isolamento social, desemprego, migrantes; questões psicológicas, como perdas recentes, dinâmica familiar; e condições clínicas incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica e câncer.
Sinais no cotidiano podem mostrar à família que a pessoa planeja ou pensa na possiblidade de suicídio. A maioria das pessoas com ideias de morte comunica seus pensamentos e intenções suicidas. Elas, frequentemente, dão sinais e fazem comentários sobre “querer morrer”, “sentimento de não valer pra nada”, e assim por diante. Tykanori alerta que comportamentos considerados como de despedida podem ser percebidos antes da tentativa de suicídio. “De repente a pessoa começa a se desfazer de coisas, dizer que não vai fazer mais certas atividades. Sinais que a pessoa está encerrando sua agenda, por exemplo. Em geral este tipo de comportamento é considerado de alto risco. Independente de a pessoa estar deprimida ou ter um histórico de transtorno mental”.
Por isso, é importante que a família fique atenta aos comportamentos de alerta. Por trás deles estão os sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio. São quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero (regra dos 4D). Caso note alguém com este comportamento, a ajuda pode começar em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que é a porta de entrada para os usuários do SUS. Se necessário, o paciente será encaminhado a um serviço de atenção especializada.
Diretrizes Nacionais de Prevenção- Em 2006, o Ministério da Saúde publicou as Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio (Portaria 1876/2006) e o manual dirigido aos profissionais das equipes de saúde mental dos serviços de saúde, com ênfase nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Fonte: http://www.blog.saude.gov.br/
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